As nascentes e o leito do Rio Pitanguinha
estão contaminados pelo descarte de lixo
Valença - As nascentes e o leito do Rio Pitanguinha, em Valença (a 256 km de Salvador), na Costa do Dendê, foram invadidos por resíduos sólidos que vêm sendo depositados no lixão do Orobó – área localizada na zona rural, a 8 km da sede do município – há pelo menos 20 anos. Sem infraestrutura para proteger da contaminação o solo e o lençol freático, o lixão irregular recebe 70 toneladas de rejeitos por dia, que não passam por tratamento.
Por sua vez, o aterro sanitário construído há oito anos nunca funcionou. A montanha de lixo do Orobó preocupa os moradores; os ambientalistas cobram providências e exigem a desativação do local.
Segundo denúncias do Instituto Jovem de Valença (IJV), com sede na cidade, que elaborou um dossiê com informações e fotos, a extensão dos danos causados ao meio ambiente no local cria um quadro desolador. O lixão do Orobó extrapolou os limites físicos de sua área para continuar recebendo lixo.
“As nascentes e o leito do Rio Pitanguinha já foram impactados devido ao excesso de resíduos. Isso representa um sério risco para a saúde dos moradores do entorno do lixão, pois são obrigados a caminhar entre lixo e urubus na estrada”, lamentou Dailene Nascimento Sousa, presidente do IJV.
De acordo com a presidente do Instituto Jovem de Valença, a estrada de acesso às localidades do Orobó estão sendo invadidas por lixo. “As caçambas que transportam os resíduos não conseguem mais chegar à área reservada para o despejo. É tanto lixo que a estrada está intransitável”. O local é de difícil acesso.
Resistentes - O lixão, o segundo aberto no Orobó depois que o mato tomou conta do primeiro, tornou-se modo de sobrevivência para 32 famílias que tiram do local toda espécie de material para reciclagem, além de restos de alimentos.
Outra preocupação dos ambientalistas é a construção de uma nova área para receber os dejetos da cidade, atrás da atual montanha de lixo. “Este já é o segundo lixão. Quantos mais virão se o problema não for resolvido a tempo?”, questionou Dailene Sousa.
Os 48 catadores que recolhem material na área não querem a retirada do lixão do Orobó. Eles se mostram resistentes e se negam a dar informações. “A gente vive de catar o que os outros jogam fora. Se tirar o lixão daqui, a gente vai viver de quê?”, argumentou um catador que não quis se identificar. Segundo ele, famílias inteiras estão há mais de 20 anos no local. “Todo dia, umas dez caçambas jogam lixo aqui. De tudo a gente encontra, de osso de gente a remédio”, relatou.
Cerca de mil famílias moram no entorno do lixão. “Há muitos anos a gente tomava banho no Pitanguinha e até podia beber a água. Hoje é só sujeira e podridão”, lamentou um morador.
Atarde
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